Os assuntos giram em minha mente como as borboletas girando ao redor das flores...mas no meu caso, fico esperando as borboletas chegarem para ser presenteada por elas com inspirações.
O assunto de hoje é romântico.
Eu quero falar sobre a beleza feminina.
Quando eu tinha 3 anos eu já tinha a alma de uma mulher gritando dentro de mim e, lembro-me que na época (tenha certeza de que minhas memórias precedem os 3 anos de idade!) o melhor batom de minha mãe era um vermelho vinho da Helena Rubenstein, que custava uma fortuna, mas que com minhas habilidades naturais femininas durava pouco mais do que 30 dias. Eu pintava meus lábios de vermelho.
Cortei todos os cabelos de minhas Susies (no meu tempo não era Barbie) , repaginei o guarda roupa do meu Bob e do Falcon (os namorados das Susies), eles usavam perfume, roupas que eu mesma confeccionava com os retalhos de roupas de minha mãe. Inclusive um destes retalhos foi um vestido de seda pura que minha mãe só usaria em ocasiões especiais como uma festa de Gala ou casamento. Minha Susie estava vestida com um lindo e mais caro modelo de seda e tafetá com mini botões que meu pai deveria chorar quando tinha que desabotoá-los. Eu era uma artista. Já, desde pequeninha.
Aos 6, 7 eu fazia o tipo mulher independente e bem sucedida. Nossa empregada preta (Dália) me vestia dormindo para ir à escola e assim que eu acordava seguia o rumo "profissional" , impedindo que minha mãe me levasse até a porta da escola porque afinal, eu era uma "mulher independente", fazia questão de chegar sozinha.
Aos 10 eu tive minha fase muleque. Adorava descer a lomba de skate, bicicleta, era bem cotada com a amizade entre os meninos que nem se importavam que eu entrasse na cancha para ver eles jogarem futebol. Eu era uma menina da turma! Usava rabo de cavalo e minha mãe me orientava para que eu não caminhasse como um estivador.
Aos 13 anos, de cabelo na cara lavada, uniforme escolar e camiseta com um tênis nike de nylon com a onda cor-de-rosa, tive uma experiência incrível. De repente, percebi uma rodinha de meninos que ao me verem passar, pararam de falar e ficaram me olhando até que eu entrasse na cantina. Não entendi nada. Até chegar em casa eu queria um buraco para enfiar a minha cabeça, pois imaginava ter pago um mico que eu ainda não tinha descoberto. Fiquei pensando. Em outros dias aconteceu a mesma coisa...de repente um dos meninos mais lindinhos do último ano, com um cabelinho cortado estilo pinico, magrelo e com um olhar apertadinho ficou me olhando meeeesmo...eis que ao chegar em casa ...EU decidi me olhar!
Passei então a entender o que rolava nos filmes do Elvis e I sing in the rain, Marilyn, John Travolta e afins...eu estava literalmente me tornando uma daquelas mulheres que eu sempre quis ser desde que enxerguei o primeiro par de sapatos de salto alto em minha vida! Charmosa, com um olhar malicioso, cheia de vivacidade, atlética, baixinha, mas uma coisa bonita de se lembrar. Na época eu não sacava nada disso.
Nunca tive nenhuma amiga feia.
Juro de todo o coração!
Todas as minhas amigas e colegas, todas, desde à infância, tinham uma coisa bonita. A que era chata, normalmente era a mais bonita. Tinham as Intelectuais, mas com um olhar lindo por trás das lentes, as Quietinhas, mas que quando davam um sorriso o mundo brilhava e as pessoas passavam a olhar mais de perto, as Ousadas, que nos faziam pensar o quanto deveria ser bom não ser tímida e ser exatamente como elas, as Maduras, que me causavam tédio porque não se divertiam tanto, mas elas sabiam tanto...as Irreverentes, que fumavam em uma roda bem freqüentada de meninos bonitos na hora do intervalo, as Gordinhas, que quando tinham que se movimentar eram a coisa mais gostosa de se ver porque elas realmente eram bonitas, talvez mais calmas, mas intensamente charmosas.
A beleza feminina é especial desde quando o Cara Lá de Cima decide que este será o nosso sexo na próxima encarnação.
Eu sempre brinco que se tiver que nascer mais dez vezes eu desejo nascer mulher.
Com todas as vicissitudes de ser mulher ainda assim, para mim, é a escolha mais linda, mais perfeita e mais completa.
Mulheres são crianças, são molecas, são maduras, são risonhas, falam alto, tem a voz doce, se movimentam livremente como as borboletas da minha mente, podem escolher entre dependência e independência sem serem condenadas à cadeira elétrica. Podem escolher entre usar saias ou calças, comer pouco sem ser chamada de bicha, comer muito sem ser acusada de gorda, afinal, mulher quando come demais está ansiosa ou triste, ou feliz, ou na tpm, mas jamais come porque é uma gordinha! Podem escolher entre ser ou não uma mãe, gastar fortunas no shopping e colocar a culpa na sociedade que já pré julga a mulher como uma consumista, mas não será culpada, pode usar maquiagem, depilar os pêlos de todinho o corpo sem ser chamada de garota de programa, ouvir música brega, ser romântica, chorar de soluçar vendo um filme de amor, ter crise estérica, ser sensível, enfim...mulheres podem tudo!
E hoje, nesta sociedade em que vivemos, somos Deusas! Somos protegidas porque Graças à Deus existiram mulheres que além de femininas eram fortes e que lutaram pelos nossos direitos! Ainda sofremos, mas a nossa Beleza é Maior!
Preciso dizer que falo de Mulheres de verdade...vamos deixar as hipócritas e malvadas para uma outra história e nos deter somente no que é BOM.
E o Bom da Coisa é poder escrever que a beleza feminina é o fato de ser mulher. Porque quando este sexo foi criado, Deus se inspirou, mas se inspirou nas coisas mais bonitas, plenas e férteis do universo. Ele fez bonito conosco.
Tá certo que ninguém é de ferro e que falhamos naturalmente. Mas vamos nos descobrir na frente do nosso espelho. Ele pode ser um espelho real, ou imaginário, mas a imagem refletida deve ser a nossa e vamos descobrir em nós todas as dádivas. Temos listinhas delas. Vamos agradecer a possibilidade e depois, logo mais, encher o coração de alegria para podermos fazer justiça à Mulher que habita dentro de nós com toda a sua beleza e forma perfeitas, seja qual for a forma.
Beijos e té a próxima.
Alessandra